segunda-feira, 7 de agosto de 2017

A campanha de 2018 já está nas redes sociais



Campanha já começou nas redes
Contato permanente, fidelização do eleitor e redução de custos são vantagens para futuros candidatos


As eleições de 2018 serão um marco na mudança das campanhas em que o ambiente virtual terá mais impacto nos resultados do que qualquer outra estratégia. Essa é a análise dos especialistas em marketing político. Eles afirmam que, nas redes sociais, na prática, a campanha já começou. A batalha pelos cargos envolverá não só ações de valorização da imagem do candidato, mas também ataques para desconstrução do adversário. A avaliação é que são grandes as possibilidades de divulgação de notícias falsas para conseguir vantagens eleitorais, como aconteceu nos Estados Unidos com Donald Trump e na França com Marie Le Pen.

A votação do ano que vem coincide com o aniversário de dez anos da eleição de Barack Obama para presidir os Estados Unidos, que ainda hoje é o principal caso de estudo do uso das plataformas para buscar votos. De lá para cá, as redes sociais ganharam importância por aqui, mas não a ponto de serem decisivas para o resultado.

Só o Facebook conta hoje com 99 milhões de usuários no Brasil, e a postura dos pré-candidatos à Presidência em seus perfis é de quem já está em campanha eleitoral, segundo avaliação do especialista em marketing político Marcos Iten. “Esse contato direto com o eleitor, proporcionado pelas redes sociais, faz com que os pré-candidatos já se posicionem de forma a conseguir votos. A maior exposição ocorre em transmissões ao vivo, postagens com comentários. Tudo isso já é uma postura de campanha”, avalia Item.

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Ele explica que o ambiente virtual tem três vantagens. A primeira é alongar a campanha, já que o período oficial para esse fim é de 45 dias. O segundo é a questão financeira. É muito mais barato fazer as ações no ambiente digital, com um alcance de pessoas bem maior. Por fim, os perfis permitem um contato pessoal com os eleitores, uma forma mais qualificada para conseguir fidelizar o voto.

Se por um lado as redes sociais aproximam e dão visibilidade ao político, elas serão utilizadas também para ataques aos adversários. O professor de marketing político da UNA Daniel Machado destaca que é uma certeza o uso dessa estratégia. “Isso já aconteceu nas campanhas passadas e será mais utilizado no ano que vem. Tudo o que é de informação que possa manchar a imagem do adversário será trabalhada de forma a viralizar. Além disso, teremos exércitos de pessoas contratadas para atuar comentando a favor do candidato e criticando o adversário. Nas últimas eleições, eu conheci pelo menos 40 pessoas que trabalhavam para dois candidatos, como agentes duplos”, afirmou.

Para Item, teremos a utilização de informações falsas para influenciar o eleitor. “O que acontece é que, com a disseminação nas redes sociais, a informação explode e chega a muitas pessoas de forma rápida. Já fazer o trabalho para desmentir uma notícia falsa é lento e muito difícil. Então é bem provável que as campanhas utilizem o ambiente virtual para atacar o adversário com mentiras”, diz.

Varredura

Pesquisa. Uma das preocupações dos políticos é saber quais são os principais resultados na internet quando pesquisam seu nome. Há quem contrate pessoas para retirar notícias negativas.


CURTIDAS

Bolsonaro lidera em número de seguidores

Na corrida por seguidores, o deputado federal Jair Bolsonaro (PEN) larga na frente. Ele conta com mais de 4 milhões de curtidas e, entre os políticos que anseiam utilizar a faixa presidencial a partir de 2019, é o mais popular no Facebook. Em segundo lugar aparece o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quase 3 milhões de seguidores.

Para o governo de Minas, os líderes são o atual governador, Fernando Pimentel (PT), com mais de 220 mil seguidores, e o ex-deputado, Dinis Pinheiro (PP) aparece em segundo com mais de 134 mil curtidas. Porém, o número alto de seguidores não representa expressão nas urnas.

“Já estamos vendo alguns erros sendo cometidos por alguns pré-candidatos, como a hiperexposição. O limite do que é uma boa forma de comunicação e o que se torna uma exposição pedante está sendo ultrapassado por alguns políticos, e isso se torna um tiro no pé”, avalia o especialista em marketing digital Marcos Item. (BM)

Abandono

Presença. Um dos problemas de alguns políticos é que eles aparecem nas redes sociais apenas durante as campanhas e depois deixam de postar, o que pode gerar perda de popularidade.


DEMANDAS

Protagonismo é do seguidor

Uma mudança proporcionada pela entrada das redes sociais na campanha política é que o candidato tem que deixar o protagonismo de lado para atender as demandas dos seguidores.

“Aquele cenário em que o político chega como estrela, sobe em um palanque, discursa o que quiser e sai aplaudido não existe na internet. Aqui, a preocupação principal tem que ser atender o que os seguidores querem. O protagonismo é do eleitor”, afirma o professor de marketing político Daniel Machado. Nas eleições passadas, ele trabalhou para dez candidatos e conseguiu eleger oito.

Daniel destaca que uma forma de dar protagonismo ao eleitor é criar equipes segmentadas para trabalhar com determinados públicos.

“Foi exatamente isso que Barack Obama fez em sua campanha em 2008. Ele criou uma equipe para trabalhar as questões LGBT, outra para mulheres, outra para a população negra, outra para imigrantes. E essas equipes usavam as plataformas para trabalhar interesses desses grupos e fortalecer a campanha”, explica.

O especialista em marketing digital Marcos Item destaca que mesmo que a campanha no ambiente virtual seja barata, ainda assim, ela precisa de uma grande equipe. “Já temos pré-candidatos com dezenas de pessoas trabalhando em suas redes sociais”, destaca. (BM)





http://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/campanha-j%C3%A1-come%C3%A7ou-nas-redes-1.1505816

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