segunda-feira, 23 de abril de 2018

Os candidatos nanicos para 2108 crescem nas redes sociais



BRASÍLIA /O GLOBO  . Uma primeira análise no desempenho nas redes sociais dos pré-candidatos à Presidência pode causar a impressão de que o cenário é semelhante aos das pesquisas de intenção de voto: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o deputado federal Jair Bolsonaro (PSL-RJ) são os líderes isolados.

Entretanto, o resto da disputa é bem diferente: candidatos com índices baixíssimos nas pesquisas — como Manuela D'Ávila (PCdoB), João Amoêdo (Novo), Flávio Rocha (PRB) e Guilherme Boulos (PSOL) — alcançam ou ultrapassam, no Facebook, adversários com mais intenções de voto, como Marina Silva (Rede), Geraldo Alckmin (PSDB) e Ciro Gomes (PDT). Entre os dois grupos, está Alvaro Dias (Podemos), que tem bom desempenho na internet e teve um crescimento recente nas pesquisas.

Em março, Lula teve 3,6 milhões de interações — o conjunto de curtidas, comentários e compartilhamentos de um conta no Facebook —, contra 3,05 milhões de Bolsonaro, de acordo com a ferramento Crowdtangle. Atrás deles, ficaram Manuela (1,25 mi), Dias e Amoêdo (ambos com 1,03 mi). Rocha teve 378 mil, enquanto Marina ficou com 372 mil e Boulos, com 334 mil. Alckmin e Ciro tiveram, respectivamente, 237 mil e 138 mil de interações.

Outros pré-candidatos, ou possíveis postulantes, não chegam a 60 mil interações. Estão nessa lista o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), o presidente Michel Temer, o ex-ministro da Fazenda Henrique Meirelles, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ex-presidente do BNDES Paulo Rabello de Castro (PSC). O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Joaquim Barbosa (PSB) não tem página no Facebook, apenas um perfil pessoal.

Nos últimos seis meses, os pré-candidatos que mais cresceram nas redes foram Flávio Rocha (com um aumento de 3.665% em suas interações) e Manuela (crescimento de 2.463%), seguidos de Amoêdo (475%) e Boulos (215%). Situação bem diferentes das pesquisas eleitorais: no último Datafolha, Manuela chega no máximo a 3%, enquanto os outros não passam de 1%. Alvaro Dias está um pouco na frente: com um bom histórico nas redes sociais, ele chegou a 5% no melhor cenário.
Pedro Burgos, jornalista e pesquisador de mídias sociais, considera que não será simples converter essa popularidade online em votos, mas ressalta que as redes serão uma ferramenta importante para tornar os políticos mais conhecidos:

As redes sociais são especialmente importantes para a projeção nacional de candidatos menos conhecidos nacionalmente. Com o tempo de TV limitado e o dinheiro mais curto por causa da reforma política, as redes sociais serão um grande palanque para desenvolver melhor as ideias, a plataforma de governo, e responder acusações — avalia.

TANTO APOIO QUANTO CRÍTICA

Para Fabro Steibel, diretor executivo do Instituto de Tecnologia e Sociedade (ITS) e professor da ESPM-RJ, um bom desempenho na internet coloca os candidatos em outro patamar e pode facilitar a campanha:
— O Facebook não ganha eleição, mas vale ouro. Existe um custo para você criar as coisas. Você já ter esse capital na rede social te favorece a ter menos custos. É um capital acumulado — explica.


Corrupção fala mais alto na pesquisa Datafolha
Steibel ressalta que o número de interações não distingue entre os apoiadores e os adversários dos candidatos. Entretanto, isso não seria um problema, já que o importante é manter-se em evidência nas redes.

O algoritmo entende clique. Ele não entende crítica. Quanto mais presença você tiver nas redes sociais, mas o algoritmo irá dar destaque. Aquele candidato que tiver mais páginas falando dele ao mesmo tempo tende a sair na frente — aposta.

Na mesma linha, Burgos destaca que o fato dos apoiadores passarem a divulgar por conta própria o candidato e suas ideias é um indicativo positivo.

— Tão importante quanto ver se um candidato tem bastante engajamento é ver o quanto que o nome dele é lembrado por eleitores nos comentários de outras páginas ou veículos — afirma.
Esse é um dos pontos centrais da estratégia digital da deputada estadual Manuela D’Ávila. Marcelo Branco, coordenador da equipe de redes sociais, destaca o foco no que ele chama de “autocomunicação de multidões”:

— Nós temos uma visão de que a comunicação nas redes sociais não é um espaço de transmissão de informações, do editor propagando mensagem pro público. Nós valorizamos a ideia de que existe uma multidão de apoiadores se comunicando entre si — explica.

Na campanha de João Amoêdo, o coordenador de redes, Daniel Guido, diz que a ideia é apostar no compartilhamento das propostas do candidatos:

 O objetivo é gerar conteúdos que as pessoas tenham interesse em compartilhar. O importante pra gente é sempre trazer uma proposta, e não virar uma página de comentários de notícias — afirma.
De acordo com Cristiane Sales, da equipe de Alvaro Dias, a estratégia do senador é conciliar os assuntos do dia com o resgate de bandeiras antigas dele.

A rede é a menina dos olhos dele. Ele acha que é um canal fundamental para conversar com a população. É muito exigente, cobra resposta aos seguidores — explica.
O tamanho das equipes de cada candidato varia: João Amoêdo e Alvaro Dias tem quatro pessoas, cada um, cuidando de sua redes, enquanto Manuela tem 10. Já a campanha de Flávio Rocha contratou uma empresa para cuidar do Facebook, mas a assessoria diz que ele mesmo administra suas contas no Twitter, Instagram e Linkedin.

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